1.ª — Sofria a Espanha, como Portugal, a concorrência de nações vizinhas, mais bem organizadas e mais ativas, a Holanda, a Inglaterra e a França. Estavam esses países mais próximos dos centros de maior riqueza e de populações mais densas da Europa, e eram mais experimentados nas porfias comerciais.
2.ª — Dominava a Espanha, um despotismo religioso sem paralelo. As ordens religiosas absorviam nos conventos 1/30 de sua população. O trabalho era grandemente afetado pela influência religiosa. A riqueza afluía em magna parte para as igrejas. A inquisição espanhola era perseguidora e inexorável. A censura exercida na imprensa e nos livros dificultava a livre expansão das ideias. A expulsão dos mouros, que constituíam uma parte laboriosíssima da população ibérica, alcançou algarismos que desorganizaram a produção industrial e agrícola. A expulsão dos judeus, que também atingira cifras elevadíssimas, levou para a França e para a Holanda, capitais e apreciáveis atividades. Finalmente, a guerra religiosa contra a Inglaterra e contra os calvinistas e luteranos, nos Países Baixos, provocou, nesses países, principalmente no último, vivíssimas reações contra o império espanhol. A derrota da Invencível Armada, mandada contra a Inglaterra protestante, em 1588, marca o início da decadência do seu poderio.
3.ª — Ao mesmo tempo que se expulsavam classes laboriosas, integradas na economia do país, crescia assombrosamente a casta dos nobres, que, não trabalhando por princípio, constituía onerosíssimo parasita social. No século XVIII, aí se contavam mais de 600 mil nobres (2).Nota do Autor