História econômica do Brasil; 1500-1820

todas as vicissitudes por que passou, ainda conserva um notável império colonial. Isso se explica, porque, entre outras causas que oportunamente examinaremos, as suas conquistas, feitas mediante um pertinaz esforço de mais de um século, geraram uma tradição e um espírito de continuidade, que constituíram fortes elementos de unidade e defesa.



Os transportes marítimos

À medida que a civilização progride, diminui a estreita dependência do homem ao meio geográfico.

Os rios, antes que se utilizassem as primeiras jangadas, constituíam obstáculos, e não vias de transporte. O mar, a dilatada estrada de hoje, de cujo domínio resulta o império do mundo, era a barreira intransponível, que separava os continentes.

A marcha da colonização civilizadora se manifesta nos meios de transportes: primitivamente, é o próprio homem que se desloca; utiliza-se, posteriormente, dos animais domésticos; e, finalmente, do barco e do veículo motorizado. A cada um desses avanços, corresponderam estágios distintos da civilização. A própria época da navegação marítima se subdivide em etapas de progresso: navegação costeira, penetração do Atlântico e navegação interoceânica. Nada melhor traduz a revolução comercial nos tempos modernos do que o seu desenvolvimento da Idade Média até nossos dias. É do seu exame que se pode aferir o pequeno vulto do comércio medieval e dos primeiros tempos da era marítima, em relação à importância que hoje alcança.

O progresso da navegação está ligado à profunda alteração realizada na vida econômica dos povos, à mudança radical nos costumes, no padrão de vida, à completa transformação dos sistemas de produção, alargamento