abrigo das incursões dos piratas e o mais perto possível dos mercados interiores, ao invés de se esconderem pelos estuários e lagunas, aproximaram-se corajosamente do mar.
O custo dos transportes
O custo do transporte era, nos primeiros tempos, de tal monta que só eram conduzidas mercadorias de grande valor, por unidades de peso. Para se aquilatar dos perigos da navegação, basta mencionar que entre 1497, data da expedição de Vasco da Gama, e 1612, quando praticamente terminou o ciclo português do monopólio das especiarias, saíram de Lisboa para a Índia 806 naus (8).Nota do Autor Dessas, voltaram 425, perderam-se, arribaram ou se queimaram 92, caíram nas mãos de inimigos quatro, e ficaram na Índia 285. As naus, quando muito bem construídas, suportavam até dez viagens à Índia; muitas não aguentavam mais de duas. Cada navio representava um capital superior a 20 mil cruzados, ou sejam, em nossa moeda de hoje, mais de quatro mil contos de réis! Conduzia uma tripulação de cem a 150 homens, uma guarnição de 250 soldados e víveres para toda essa gente. Além do perigo dos naufrágios, grande número de passageiros sucumbia à fome e por doenças. O escorbuto e doenças contagiosas, levadas de terra em terra, dizimavam as tripulações. Atingidas 800 toneladas, reuniam-se nos barcos, entre tripulação, soldados e passageiros, 900 pessoas, e mesmo mais! Em 1585, dizia Philippe Sassati, saíam anualmente de Portugal de 2.500 a três mil homens, morrendo às vezes mais da terça parte.