História econômica do Brasil; 1500-1820

quantidades de pimenta, gengibre, noz-moscada, almíscar, açafrão, canafístula, almáfega, sândalo, aloés, âmbar, cana índica, louças, porcelanas, diamantes, pérolas, rubis etc. Apesar da perda de boa parte de sua esquadra, a expedição pagou-se de mais de duas vezes o seu custo.

Na costa da África, os portugueses se abasteciam de ouro, marfim e escravos negociando com populações já afeitas a esse gênero de comércio, com secular prática havida com os muçulmanos, por intermédio das caravanas que atravessavam os desertos africanos. Era, portanto, por demais violento o contraste que uma terra inteiramente selvagem, habitada por povos ainda no limiar da civilização, oferecia aos mercadores e navegantes portugueses. De nada valeriam aqui os processos de força com que Portugal impôs a sua suserania e o seu monopólio comercial na Ásia.

Produtos prontos, para um tráfego comercial normal, não existiam; povoações de caráter estável, para serem ocupadas e exploradas, que pagassem com tributos o direito de existência, também não eram encontradas. O Brasil era um problema novo em face à expansão comercial e marítima que os povos europeus estavam iniciando. As primeiras inspecções indicaram apenas as possibilidades mercantis do pau-brasil e canafístula; os bugios, os papagaios e outras aves constituíam, talvez, curiosidades exóticas a serem exploradas por pouco tempo.

Os próprios indígenas não despertaram nos mercadores portugueses uma ideia da possibilidade de grandes lucros, pelo tráfico de sua escravidão.

A exploração comercial da terra de Santa Cruz não podia, portanto, oferecer, de início, atrativos a Portugal, absorvido como estava nos problemas de seu riquíssimo escambo com o Oriente. E a nau com que Cabral comunicou a El-Rei D. Manoel a nova da descoberta,