como para as especiarias. Daí, as investidas dos franceses ao comércio com os indígenas do Brasil. Não disputando a terra aos autóctones, procuravam agradar-lhes quanto possível, por intermédio de hábeis intérpretes, que aí deixavam, facilitando a obtenção dos produtos que ambicionavam, em troca de bugigangas e instrumentos que os indígenas tanto apreciavam. Daí a simpatia de que gozavam os mair franceses, em contraposição ao ódio que lhes inspiravam os perós, portugueses, apelidos que lhes davam os indígenas.
Duas classes de prejuízos sofria o comércio português por parte dos franceses: dos mercadores franceses, que organizavam expedições para vir buscar na terra de Santa Cruz a madeira tintorial e outros produtos, baseados na escusa de que havia liberdade nos mares e que não era vedado aos súditos franceses o comércio com as colônias portuguesas ou com as terras virgens da América: e dos corsários, muitos dos quais estavam munidos de carta de corso, concedidas pelo próprio rei de França.
Os prejuízos verificados na navegação portuguesa, principalmente a relativa ao comércio de especiarias com a África e com a Ásia, tomaram um vulto tão grande, que Portugal começou a desenvolver um forte trabalho diplomático junto à corte de França e às autoridades marítimas francesas, para que cessasse tal abuso. As relações entre os dois reinos eram, aparentemente, cordiais, mas os prejuízos verificados atingiam tais cifras que era quase como se uma guerra aberta houvesse, na expressão do próprio D. João III (4).Nota do Autor
Com a pressão exercida junto às autoridades marítimas de França e pela sua atuação diplomática, conseguiu