O Brasil literário: História da literatura brasileira

O marquês de Paranaguá morreu a 11 de setembro de 1846.(171) Nota do Autor

Paranaguá ocupava-se também de poesia durante os seus anos de universidade e a sua carreira de político e sábio. Mas esta não lhe foi nunca além de um passatempo; seus escritos não vão jamais além de certo círculo de convenção, seja pelos assuntos, seja pela maneira por que são pensados, embora a sua versificação fácil, a sua correção e elegância testemunhem um gosto pouco comum.

Suas poesias eróticas são, às vezes, muito graciosas, os versos e a linguagem frequentemente harmoniosos e fluentes, mas não se elevam acima do nível habitual pela originalidade e os sentimentos que exprimem. A forma de pastoral, que o autor lhes dá, as frequentes alusões mitológicas e o emprego da alegoria conferem-lhes um lugar na escola dita Clássica, do século passado. A mais conhecida é a sua "Cantata da Primavera", dedicada a José Bonifácio de Andrada e Silva. Descreve o Brasil como a pátria desta estação e relata o seu curso triunfal, através de todos as países do mundo. As imagens são, muitas vezes, graciosas e as rimas artisticamente entrelaçadas (o fim do verso rima, p. ex., com a cesura do seguinte: rima encadeada).

Entre as produções de circunstância de nosso autor nota-se por sua nobre simplicidade a sobre a morte do Imperador D. Pedro I. Um poeta que de resto desconhecemos glosou-a. (172) Nota do Autor