CAPÍTULO IV
ENSAIOS DRAMÁTICOS — ESTADO DO TEATRO NO
BRASIL — AS ÓPERAS DO JUDEU ANTÔNIO JOSÉ DA SILVA.
Vimos que nos meados do século XVIII, a poesia lírica é a única que apresentou desenvolvimento razoável no Brasil. E ainda esta poesia era toda de imitação, sem raízes no povo e não tinha para distingui-la mais que uma ligeira cor local.
Nestas circunstâncias, e em vista da falta de uma base popular e de um caráter nacional, bem pronunciado, não é surpreendente que não se tenha ainda produzido um drama nacional, e tanto tinha que ser assim que a poesia do tempo não revelava nada de épico. A civilização, além do mais, era bastante incerta para fazer sentir necessidade de uma cena regular.
Os únicos ensaios dramáticos do primeiro período foram ou mistérios religiosos, ou então produções que não chegaram a serem apresentadas, talvez por não terem sido escritas com esta finalidade.
Além disto, viram-se, às vezes, representações teatrais nas festas da corte. Não apenas danças mímicas ou entremezes, como ainda comédias propriamente ditas. Infelizmente, estas peças eram escritas em espanhol e os próprios atores representavam-nas nesta língua.
Assim, sabemos que, em 1717, foram representadas na Bahia as duas comédias de Calderon El Conde Lucanor e Afectos de Odio e Amor. Em 1729, para a festa do duplo casamento dos príncipes reais de Espanha