mais filial ao solo fecundo do país, um sentimento mais forte de suas belezas, e uma confiança natural nela própria, o que vem aumentar as vitórias conseguidas sobre o deserto. Esta raça, numa palavra, desenvolve-se sempre, cada vez mais, diferente de seus antepassados portugueses, sua organização física é modificada pelo clima e pela mestiçagem frequente, sua maneira de ver padece uma metamorfose completa, aparecem interesses particulares, opiniões políticas válidas e encontramo-nos, enfim, diante de um povo de individualidade muito acusada. Vimos as particularidades procurando revelar-se na literatura, malgrado sua dependência das letras portuguesas; os poetas brasileiros, embora formados em Coimbra e regrando-se quanto à forma pela escola então em voga de Portugal, escolher de preferência assuntos nacionais, emprestar suas imagens ao solo natal e penetrar-se cada vez mais de sentimentos patrióticos.

Santiago Nunes Ribeiro, poeta de talento, podia então dizer com razão: "A poesia do Brasil é uma filha da inspiração americana. Em vez de encará-la como uma bela estrangeira, como uma virgem das campinas da Hélade, transportada ao Novo Mundo, consideremo-la antes filha das florestas, educada na velha Europa, onde a sua inspiração nativa se desenvolveu pelo estudo e a contemplação da ciência estrangeira. Se apesar disto, liga-se ao Brasil, é que este é o seu país e que ela teve assim consciência do sentimento nacional."(211) Nota do Autor