revelou; quer afastar desta fonte a profanação da trivialidade e mostrar o caminho aos poetas de sua pátria.
Este fim bem definido inspirou-lhe o gênero a escolher. Com efeito, a imitação dos modelos Clássicos não bastava, nem uma inspiração fingida, nem um entusiasmo artificial. Os lugares comuns, as alusões tomadas de empréstimo à mitologia, não eram mais possíveis.
Quanto à forma de sua escolha (entendemos aqui a estrutura dos versos, das estrofes, e das próprias poesias), Magalhães não se deixou entravar, nem pela uniformidade recebida, nem pelos gêneros típicos. A maior parte de suas produções são concebidas em ritmos e em estrofes alternando livremente (silvas) a marcha das ideias e o grau de seu entusiasmo, e como ele explica: "Nenhuma ordem seguimos, exprimindo as ideias como elas se apresentaram, para não destruir o acento da inspiração."
Enfim, ele caracterizou, com mão de mestre, seu livro no seu conjunto: "É um livro de Poesias escritas segundo as impressões dos lugares; ora assentado entre as ruínas da antiga Roma, meditando sobre a sorte dos impérios, ora no cimo dos Alpes, a imaginação vagando no infinito como um átomo no espaço, ora na gótica catedral admirando a grandeza de Deus e os prodígios do Cristianismo, ora entre os ciprestes que espalham sua sombra sobre túmulos. Ora, enfim, refletindo sobre a sorte da Pátria, sobre as paixões dos homens, sobre o nada da vida. São poesias de um peregrino, variadas como as cenas da Natureza, diversas como as fases da vida mas que se harmonizam pela unidade do pensamento, e se ligam como os anéis de uma cadeia. Poesias d'alma e do coração, e que só pela alma e o coração devem ser julgadas."