O Brasil literário: História da literatura brasileira

Na dedicatória deste livro encontra-se a passagem seguinte que prova então que o gosto da poesia estava assaz expandido no Brasil e que os que a tratavam eram muito estimados: "Nesta América, inculta habitação de bárbaros índios, mal se podia esperar que as Musas se fizessem brasileiras, contudo quiseram também passar-se a este empório, onde, como a doçura do açúcar é tão simpática com a suavidade do seu canto, acharam muitos engenhos que, imitando aos poetas de Itália e Espanha, se aplicassem a tão discreto entretenimento, para que se não queixasse esta última parte do mundo, que assim como Apolo lhe comunica os raios para os dias, lhe negasse as luzes para os entendimentos. Ao meu, posto que inferior aos de que é tão fértil este país, ditaram as Musas as presentes rimas, que me resolvi expor à publicidade de todos, para ao menos ser o primeiro filho do Brasil, que faça pública a suavidade do metro; já que o não sou, em merecer outros maiores créditos na poesia."

Na última frase, faz evidentemente alusão às produções dos irmãos Matos, Bernardo Vieira Ravasco e outros poetas brasileiros mais importantes que ele.

Seus poemas em língua portugesa não trazem uma imaginação muito viva, e possuem todos os defeitos das imitações dos modelos escolhidos, de que eles exageram ainda os defeitos sem poder alcançar as produções de um gênio como o de Gongora, sejam quais forem os erros deste. Trazem o sinal indelével da procura. Em todos eles se sente o trabalho, a falta de inspiração e uma versificação correta demais para não ser o fruto de longos e penosos estudos; todavia, distinguem se por uma habilidade técnica tão grande e uma linguagem tão escolhida que a Academia de Lisboa o colocou