não reconhecem em tudo isto mais do que um acesso de loucura, ele emprega contra este último um argumentum ad hominem derrubando-o por terra. Esta exposição é tão original quanto dramática.
Se Bouterwek diz desta peça que não chega a ter o mérito da invenção, Barbosa du Bocage, um dos primeiros poetas portugueses da segunda metade do século XVIII(79) Nota do Autor julga-a de outro modo. Da Costa e Silva conta deste poeta a anedota seguinte: (1. c. pag. 34) visitando, um dia, Barbosa durante a sua última doença, achou-o no leito, deitado em decúbito ventral e rebentando de rir, com um livro à mão. Perguntou a causa deste riso e Barbosa respondeu: \"São as óperas do Judeu; encontrei no Dom Quixote uma ideia tão extravagante \"que admira haver escapado a Cervantes\". Leu, então, rindo da cena em que Dom Quixote, persuade-se cada vez mais de que sua incomparável Dulcinéia foi transformada pelos mágicos em Sancho Pança, até que este lhe prova a sua identidade por um argumentum ad hominem.(80) Nota do Autor
A peça mais conhecida de Antônio José é a intitulada As Guerras de Alecrim e Mangerona. É preciso saber que em Cintra, encantador recanto de Lisboa, os elegantes tinham o hábito de se encontrar num passeio, onde descansavam sobre uns bancos de pedra ali postos. Eles se dividiam em dois partidos reconhecíveis pelos ramalhetes de alecrim e de manjerona, que cada um tinha adotado para senha de reconhecimento. São estas guerras galantes que provavelmente