Viagem ao Brasil, 1865-1866

Embarcamos no Rio, às duas horas da tarde, numa pequena embarcação a vapor que nos transportou do outro lado da baía, a quinze milhas de distância. Graças à brisa, o calor, embora intenso, não era intolerável. Passamos em frente da Ilha do Governador, da pequena e graciosa Ilha de Paquetá, e outras mais, verdadeiros buquês de palmeiras, bananeiras e acácias que recamam a baía e acrescentam à sua beleza um novo encanto. Ao cabo de uma hora e um quarto de viagem, pusemos pé em terra na povoação de Mauá (45)Nota do Autor. Aí tomamos o trem e um novo percurso de uma hora, através de terrenos baixos e pantanosos, nos levou até o sopé da montanha (Raiz da Serra). Tivemos então que deixar a via férrea e tomar a diligência que parte regularmente dessa estação. A subida foi encantadora, nós num excelente cupê aberto, com quatro animais galopando a toda brida, numa estrada unida como um assoalho, O caminho descreve numerosas voltas nos flancos das mon-tanhas, sobe e desce nas verdes colinas que assemelham um mar ondulado. Aos nossos pés se estende o vale; na nossa frente a cadeia litorânea, e ao longe, a baía como que se esbate suavemente à luz do sol. Para completar o quadro, desdobra-se sobre todo o solo um manto de palmeiras, acácias e fetos arborescentes, caprichosamente bordado de parasitas e colorido por uma profusão de flores púrpuras da quaresma (46)Nota do Autor, de begônias azuis e amarelas, ou tumbérgias rasteiras pendurando suas florzinhas amarelo palha em todas as moitas e pedras. Estamos sempre admirando a grande variedade de palmeiras.