Viagem ao Brasil, 1865-1866

VI



ESTADIA EM MANAUS - DE MANAUS A TABATINGA



Chegada a Manaus — Conflitos das águas do Solimões com as do Rio Negro

5 de setembro — Ontem pela manhã, entramos no Rio Negro e observamos o conflito de suas águas calmas e quase pretas com as ondas amareladas e apressadas do Solimões, como é denominado o Médio Amazonas. Os índios chamam-nos admiravelmente: "o rio vivo e o rio morto". O Solimões vem encontrar a corrente escura e lenta do Rio Negro, com uma força tão irresistível, tão viva que este último parece bem, ao lado dele, uma coisa inerte. Verdade é que esta época do ano é aquela em que as águas dos dois grandes rios começam a baixar, e o Rio Negro parece opor uma fraca resistência à força superior do Solimões; durante um rápido instante, ele luta contra o rio impetuoso; mas, logo subjugado e estreitamente comprimido de encontro à margem, prossegue o seu curso até uma pequena distancia, lado a lado com o Solimões. O mesmo não se dá na época das cheias; então o enorme rio comprime com tal superioridade a embocadura do Rio Negro que nem uma gota de suas águas, pretas como tinta, parece se misturar à massa d’água amarelada do interruptor; este atravessa