Viagem ao Brasil, 1865-1866

II



RIO DE JANEIRO E SEUS ARREDORES.



JUIZ DE FORA



Chegada. Aspecto da baía e da cidade

23 de abril — Ontem, de madrugada, avistou-se o Cabo Frio, e lá para as sete horas tivemos, ao acordar, a agradável notícia de que as montanhas dos Órgãos estavam à vista. A cadeia litorânea, se bem que pouco elevada (os cumes mais altos não excedem de 600 a 900 metros, dois a três mil pés ingleses), é abrupta e escarpada. As montanhas são francamente cônicas e as vertentes descem em rápido declive até o mar. Em alguns pontos, no entanto, são deste separadas por extensas praias arenosas. A paisagem tornava-se cada vez mais grandiosa à medida que nos aproximávamos da entrada da baía, guardada de ambos os lados por altos rochedos em sentinela. Mal se transpõe o portal estreito formado por essas penedias e a imensa baía se desdobra, estendendo-se por mais de vinte milhas para o norte, semelhando mais um vasto lago fechado por montanhas que uma reentrância do oceano. De um lado se estende a alta muralha que a separa do alto-mar, e cuja crista quebrada se eriça de picos, no Corcovado e na Tijuca, ou se aplaina em larga chapada, na Gávea. Do outro lado, mais no interior das terras, divisam-se os Órgãos com suas agulhas singulares, enquanto que na direção da barra, exatamente na entrada, vela o penedo liso e