Viagem ao Brasil, 1865-1866

Passeios — Os "aguadeiros"

Um dos meus grandes prazeres em Manaus é, à tarde, ao cair do dia, dirigir os meus passeios para a floresta vizinha e ver desfilarem os "aguadeiros", índios ou negros, que passam de volta por um estreito caminho, trazendo na cabeça um grande jarro vermelho de barro, cheio d’água. É como uma procissão, de tarde e de manhã; a água do rio passa por não ser boa para se beber, e, de preferência, a cidade se fornece das pequenas lagoas e riachos da mata. Algumas dessas bacias naturais, escondidas em sítios encantadores, cercados de árvores, servem de banhos públicos. Uma delas, bastante larga e profunda, é a mais procurada; cobriram-na com um grande teto de folhas de palmeiras e, ao lado, construíram uma casinha rústica de palha que serve para mudar a roupa.



Uma escola para índios

Passamos ontem uma manhã interessantíssima visitando uma escola para crianças índias, um pouco distante da cidade. Ficamos admirados da aptidão que essas crianças manifestam pelas artes civilizadas, para as quais se mostram tão pouco hábeis os nossos índios da América do Norte. É preciso, porém, não esquecer que temos diante dos nossos olhos, no próprio solo em que viveu a sua raça, os herdeiros diretos dos povos que fundaram as antigas civilizações do Peru e do México, incomparavelmente superiores a não importa que outra organização social de que se encontraram vestígios entre as tribos do Norte. Numa grande oficina de torneiro e marceneiro, vimos esses índios fabricarem elegantes peças de madeira trabalhada, cadeiras, mesas, trinchantes e variados artigos pequenos como réguas e faquinhas para cortar papel. Numa outra oficina,