dos índios, vem-me à memória a boa fortuna que tivemos em encontrar um padre francês que forneceu a Agassiz uma coleção de livros elementares em língua portuguesa. Já os remetemos ao nosso amigo José Maia, o índio que demonstrou gosto pelas letras. O bom do sacerdote concordou também em encarregar-se do menino a quem Maia tanto desejava dar instrução. Admiti-lo-á na escola que dirige e onde são recebidas as crianças pobres.
Partida de Manaus
12 de setembro — Deixamos Manaus domingo último. Eis-nos a bordo do navio que vai até Tabatinga, navegando de novo no grande rio. Transcrevo aqui uma carta que nos dá uma espécie de resumo do trabalho científico executado até este momento e mostra a boa vontade com que nos prodigalizou a administração dos vapores do Amazonas e o seu excelente chefe Sr. Pimenta Bueno.
Manaus, 8 de setembro de 1865 Senhor Pimenta Bueno.
Prezado amigo,
O Sr. deve estar surpreendido por só receber hoje algumas linhas de minha parte durante o longo prazo que decorre desde a minha última carta. O fato é que, depois de Óbidos, andei de surpresa em surpresa e que apenas tenho tempo de cuidar das coleções que temos feito, sem as poder estudar convenientemente. Efetivamente, durante a semana que passamos nas vizinhanças de Vila Bela, nos lagos José-Açu e Máximo, colhemos 180 espécies de peixes, das quais pelo menos dois terços são novas, e os meus companheiros que ficaram em Santarém e no rio Tapajós trouxeram umas 50.