Viagem ao Brasil, 1865-1866

às nossas janelas, fecharemos a porta da casa que nos abrigou durante quatro semanas; o último capítulo da nossa estadia em Tefé estará concluído. Nesta terra em que o tempo parece não ter valor, nunca se pode estar seguro de que um vapor chegue ou parta no dia marcado. É preciso, portanto, estar pronto à espera e pôr em uso a virtude que os brasileiros recomendam acima de todas as outras, a paciência.



Retrato de Alexandrina

Intercalo aqui um retrato em traços rápidos da minha criadinha Alexandrina. A mistura de sangue índio e sangue preto, que corre era suas veias, faz dela um curioso exemplo dos cruzamentos de raça que aqui se dão. Ela consentiu ontem, depois de muito rogada, que se fizesse o seu retrato. Agassiz desejava possuí-lo por causa do arranjo extraordinário da cabeleira dessa rapariga. Seus cabelos perderam as ondulações finas e cerradas próprias dos negros, adquiriu mesmo alguma coisa da longura e do aspecto duma cabeleira de índia, mas lhe ficou, apesar de tudo, uma espécie de elasticidade metálica. A pobre menina faz tudo para penteá-los; eles ficam em pé em sua cabeça e se eriçam em todas as direções, como se estivessem eletrizados. Em todos os mestiços índio-negros que vimos, o tipo africano é o primeiro a ceder, como se a adaptabilidade maior do negro, tão oposta à inalterável tenacidade do índio, se verificasse nos caracteres físicos tão bem como nos mentais. Vão a respeito algumas observações tiradas das notas de Agassiz sobre o caráter geral da população desta região.



Caracteres gerais da população amazônica

Duas coisas impressionam vivamente o viajante no Alto Amazonas. Logo à primeira vista se percebe