Viagem ao Brasil, 1865-1866

entulhada por grandes blocos, troncos derrubados, e raízes mortas que dividem em corredeiras. Um pouco mais longe se encontra uma bacia profunda e larga, de fundo arenoso, coberta por uma abóbada de vegetação tão espessa e sombria que até os raios do sol do meio-dia nela não penetram. Aí é que são os banhos, banhos deliciosos conforme tivemos ocasião de experimentar. A sombra é tão densa e a corrente tão rápida que a água adquire uma temperatura excessivamente fresca, fato que aqui é extraordinário, parecendo mesmo fria a quem acabou de se expor aos raios do sol. Ao lado dessa bacia, observei uma grande planta parasita, toda em flor. Quando chegamos à Amazônia, já havia passado a época da floração da maioria das parasitas, e, se vimos belíssimas coleções dessas plantas nos jardins, não as encontráramos ainda nas florestas. A de que estou falando se encontra no oco duma grande árvore, que se inclina por cima do rio; é um tufo de folhas verde carregado, com grandes flores coloridas de violeta e amarelo palha; está inteiramente fora de nosso alcance, e esse pequeno jardim suspenso é de um efeito tão encantador que seria pena destruí-lo.



Volta pelo igarapé

Depois do almoço, alguns dos nossos companheiros e Agassiz se viram obrigados a voltar à cidade para tratar de negócios. Voltaram à tarde, e, em lugar de virem a pé, tomaram uma canoa para subir o igarapé. Não nos arriscáramos a fazê-lo de manhã; o leito pedregoso do pequeno canal mal era coberto pelas águas, segundo nos disseram, e seria impossível percorrê-lo em toda a sua extensão. A despeito dessa informação, eles chegaram muito bem por aí, e vieram encantados pela beleza do pitoresco curso d’água. Depois de termos jantado alegremente e tomado café ao ar livre, voltamos à