o representante fiel de um dos dois. Detenho-me nesse fato, cuja importância é extrema quando se trata de determinar o valor e a significação das diferenças observadas entre as chamadas raças humanas. Deixo de lado a questão da origem provável ou mesmo do número dessas raças. Para o fim que tenho em vista, é indiferente que haja três, quatro, cinco ou vinte delas e que derivem ou não uma das outras. O fato de diferirem por traços constantes e pemanentes já basta, por si só, para justificar uma comparação entre as raças humanas e as espécies animais. Sabemos que, entre os animais, quando dois indivíduos de sexo diferente e de espécie distinta concorrem na produção de um novo ente, esse híbrido não apresenta uma semelhança exclusiva nem com o pai nem com a mãe e participa do caráter de ambos. Não me parece menos significativo que tal fato seja igualmente verdadeiro para com o produto de dois indivíduos de sexo diferente, pertencendo a raças humanas distintas. O filho nascido de uma preta e de um branco não é nem preto nem branco, é um mulato; o filho de uma índia e de um branco não é nem um índio nem um branco, é um mameluco; o filho de uma negra e de um índio não é nem um negro nem um índio, é um cafuzo. Cafuzo, mameluco e mulato participam dos caracteres de seus autores tanto quanto a mula participa dos do cavalo e da jumenta. Logo, no que respeita ao produto, as raças humanas se acham, umas em relação às outras, na mesma relação que as espécies animais entre si e a expressão raças, na significação atual, deverá ser abandonada quando o número das espécies humanas for definitivamente determinado e quando os verdadeiros caracteres dessas espécies houverem sido claramente estabelecidos. Por mim julgo estar demonstrado que, a não ser que se prove que as diferenças existentes entre as raças índia, negra e branca são instáveis e passageiras, não se pode, sem se estar em desacordo com os fatos, afirmar a comunidade de origem para todas as variedades