Só se mexiam por necessidade e com grande dificuldade. Vieram meio empurrados e meio içados para bordo, e um deles, presa de febres, tinha tais calafrios que, quando o quiseram deixar andar pelas próprias pernas, eu o vi tremer, do lugar em que me achava, embora entre mim e ele houvesse a metade do comprimento do tombadilho. Esses índios não pronunciam uma única palavra de português; não podem compreender por que os fazem partir; só sabem uma coisa: é que são pegos na floresta e tratados como os últimos dos criminosos, punidos barbaramente sem que nada tenham feito, e mandados se bater pelo governo que os trata desse modo. Devo dizer, para honra do nosso comandante, que este se mostrou vivamente indignado por ver em que estado lhe traziam aqueles homens. Fez tirá-los imediatamente da trave em que estavam presos, mandou dar-lhes vinho e alimento e tratou-os com toda a benevolência possível. Protestou contra tais processos inteiramente ilegais e contrários às intenções da autoridade central. Aí está, no entanto como se faz o recrutamento nos distritos indígenas! O argumento daqueles que pretendem justificar tal barbaria, é que os índios, como todos os demais cidadãos, têm obrigação de combater em defesa das leis que os protegem; que o Estado necessita de seus serviços, que aquele é o meio único de os conseguir, que a má vontade deles é patente, sendo sem parelhas a sua habilidade em fugir. Além desses três homens, havia ainda dois outros: um voluntário e o piloto para a travessia das cataratas do Rio Branco. Um homem como este último devia estar isento do serviço militar, em bem da coletividade, pois bem poucos indivíduos