excursão na margem oposta do Tapajós, sempre a procura da vitória-régia, que, segundo se diz, apresenta-se aí em toda a sua beleza.
Tínhamos por guia o Sr. Joaquim Rodrigues, a quem Agassiz deve toda sorte de atenções, sem contar uma preciosíssima coleção de peixes, feita depois que passamos por aqui a caminho do Solimões, parte pelo próprio Sr. Rodrigues, parte por seu filho, inteligente menino de 13 anos. Uma vez atravessado o rio, encontramo-nos diante dum vasto campo formado por capim alto, que semelhava um prado imenso. Com surpresa nossa, os canoeiros se embarafustaram por esse verde capinzal, e poderíamos acreditar que estávamos navegando em terra, pois a estreita passagem que o barco sulcava estava inteiramente escondida pelos longos caniços e pelas grandes malváceas de vistosas flores róseas que, de cada lado, se elevavam e recobriam inteiramente o solo. A vida pululava nesse terreno inundado e pantanoso, onde a água tinha cinco a seis pés de profundidade. Enquanto os canoeiros impeliam a nossa canoa através da massa de ervas e flores, Agassiz colhia nas folhas e nos galhos toda sorte de seres animados: rãs de várias espécies, lindamente coloridas, gafanhotos, escaravelhos, libélulas, caramujos aquáticos, aglomerações de ovos, em suma uma infinita variedade de coisas vivas de grande interesse para o naturalista. Tão rica era a mina que bastava estender as mãos e recolhê-las cheias. Os canoeiros, vendo o entusiasmo de Agassiz, animaram-se também e, num instante, um grande bocal ficou repleto de espécimes quase todos novos para o insaciável colecionador. Depois de ter navegado por algum tempo nessa campina, penetramos num grande charco, onde a vitória-régia se ostentava em todo o seu esplendor. Os exemplares que aí vimos eram muito mais belos que os do Lago Máximo. Uma folha que medimos tinha 1,70m