A lepra
A lepra ainda não diminuiu aqui de frequência, e foi necessário criar estabelecimentos isolados para receber as suas vítimas. Na Cidade do Pará e em Santarém, onde ainda é mais comum, tiveram-se que instituir hospitais especialmente destinados à lepra. Essa terrível moléstia não ataca somente as pessoas pobres, mas também as famílias remediadas, ficando então o doente entregue à guarda dos seus amigos. Bates informa que a lepra é considerada incurável, e acrescenta que, durante 11 anos de residência na Amazônia, não conheceu um único estrangeiro que fosse vítima dela. Ouvimos, no entanto, de um hábil médico alemão do Rio de Janeiro que ele soube de vários casos entre os seus compatriotas, e que tivera a felicidade de ter podido curar alguns deles definitivamente. Acha ele que é um erro considerar essa moléstia rebelde a todo tratamento quando é cuidada em tempo, e as estatísticas mostram que, onde há bons médicos, ela vai desaparecendo gradualmente.
Os sapos
Não podemos deixar a Cidade do Pará sem dizer uma palavra dos singulares concertos vespertinos que chegavam aos nossos ouvidos dos bosques e dos charcos vizinhos. A primeira vez que ouvi essa estranha confusão de sons, atribuí-a a um ajuntamento de homens gritando muito alto a uma certa distância. Com grande surpresa minha, descobri que os barulhentos outros não eram senão os sapos e as rãs da redondeza. Sinto dificuldade em descrever essa Babel de ruídos da floresta, e, se o conseguir, receio que se recuse dar fé à minha descrição. Dir-se-ia por momentos tratar de latidos de cães; outras