Viagem ao Brasil, 1865-1866

ao declínio do período glaciário, à fusão dos gelos e às derrocadas subsequentes. Após o seu regresso do Pará, teve como preocupação constante pesquisar as massas de material de transporte abandonadas pela própria geleira; em aqui chegando, logo se pôs a indagar várias personalidades que, tendo viajado muito pela província, conhecem-lhe bem os aspectos. Entre outras, obteve do Dr. Felix informações tanto mais preciosas quanto a precisão com que são fornecidas mostra que nelas se pode confiar. O Sr. Felix é agente-chefe de estradas e a natureza de suas ocupações o obrigam a frequentes viagens na região da Serra Grande. Levantou uma bela carta dessa porção da província e afirma que aí existe uma muralha de material de transporte, blocos, seixos rolados, etc., que se dirige de leste para oeste, numa distância de cerca de sessenta léguas, desde o Rio Aracatiaçu até Bom Jesus da Serra Grande. Segundo informa, essa muralha muito se assemelha aos horseback (177)Nota do Autor do Maine (Estados Unidos), a esses diques tão notáveis acumulados pelas antigas geleiras e cuja sucessão ininterrupta mede às vezes mais de 60 quilômetros (três a 40 milhas). Os "horsebacks", porém, são recobertos pelo solo e pela vegetação, ao passo que a barreira de que fala o Sr. Felix é rochosa e desnuda. Agassiz não tem dúvida de que esse acúmulo, esse dique de materiais de transporte, cuja direção e situação correspondem tão perfeitamente às conjeturas por ele feitas diante das provas encontradas no vale amazônico, seja uma parte da morena lateral que limitava outrora a sudeste a grande geleira do Amazonas. Infelizmente não lhe é possível ir vê-la; mesmo que não lhe faltasse tempo para empreender tão longa viagem no interior, todos lhe dizem que nesta estação as estradas são impraticáveis. Resta-lhe, pois, deixar a outro explorador mais