Viagem ao Brasil, 1865-1866

detalhes. O edifício dá frente para a Baía de Botafogo, cuja praia vem ter quase a seus pés; à sua direita está a barra tão pitoresca de que o Pão de Açúcar forma um dos lados, e a esquerda se estende o admirável Vale do Corcovado; assim voltado para o mar e rodeado de montanhas, apresenta de todos os lados as mais grandiosas perspectivas. O plano do edifício guarda certa analogia, em suas linhas gerais, com o da Misericórdia. É uma elegante construção de pedra, talvez comprida demais em relação à sua altura; compõe-se de pavilhões paralelos transversalmente ligados por corredores e circunscrevendo áreas plantadas de árvores e flores, formando bonitos jardins. O grande vestíbulo central contém as estátuas de Pinel e Esquirol, dois médicos franceses mestres na arte de tratar das doenças mentais. Essas estátuas possuem pequeno mérito como obras de arte, mas comove vê-las aí: demonstram um delicado sentimento de gratidão para com homens a quem a ciência e a humanidade são devedoras. Uma larga escadaria de madeira escura conduz à capela; examinamos atentamente a ornamentação do altar, obra dos enfermos que sentem prazer em trabalhar na deco-ração do santuário, em enfeitá-lo com flores artificiais, etc. No mesmo andar há um salão em que se vê a estátua do Imperador Dom Pedro II adolescente, fazendo face à de Pereira. É digno de nota que esta última é um presente do Imperador e que foi por ordem dele que a colocaram em frente da sua. A sua figura, bem em harmonia com a história do homem, exprime conjuntamente, em alto grau, a benevolência e a decisão.

Depois de nos havermos detido, com interesse, numa espécie de oficina em que os enfermos se dedicam à confecção de diversas obras artísticas: bordados, flores artificiais, entramos no hospício propriamente dito. Como na Misericórdia, as salas são espaçosas e altas, guarnecidas