a vegetação e o solo; paravam a cada passo para colher parasitas, examinar filicíneas e musgos, quebrar pedras, apanhar insetos ou colecionar pequenas conchas terrestres, que descobriam aqui e acolá; foi assim que descobrimos um admirável coleóptero, quase do tamanho de um louva-deus mas ostentando as mais lindas cores, brilhar como uma pedra preciosa sobre a folha em que pousara. Quebrando pedras ao longo da estrada, encontramos numerosos indícios de terrenos erráticos, particularmente de rochas de diorita inteiramente diversas das rochas locais. A superfície dos blocos estava, em todas, decomposta e coberta duma crosta uniforme, e só depois de quebrá-las é que se podia reconhecer a verdadeira natureza dessas pedras. De distância em distância, encontravam-se enormes fragmentos de pedras, algumas vezes da altura de seis ou mesmo nove metros; esses grandes blocos estão frequentemente suspensos à beira dos precipícios, como se, desprendidos das alturas circundantes, tivessem sido interrompidos bruscamente na queda por algum obstáculo natural e pouco a pouco se enterrassem no solo; estavam na maioria revestidos por uma espessa e mole camada de líquens tão semelhantes aos líquens das regiões árticas que, se é que destes se distinguem, só um acurado exame permite diferenciá-los. Esse fato sugere a questão de se saber se, nos líquens e pinheiros das regiões circumpolares, não há algo que lembre a flora dos trópicos.
À medida que subíamos, modificava-se consideravelmente o aspecto da vegetação, e começávamos a perceber, pelo refrescar crescente da atmosfera, que havíamos atingido as altas regiões. A paisagem em redor se tornava também mais severa, à medida que íamos penetrando no seio das montanhas. Os cimos estranhos, à sombra dos quais caminhávamos, tão afilados e pontiagudas à distância, mudavam-se em massas imponentes de rocha nua, de efeito verdadeiramente grandioso.