Viagem ao Brasil, 1865-1866

ao longo dos quais ele passa, haviam-se mudado em precipício devido à escuridão, e era com um passo hesitando que caminhávamos entre os penhascos, por sobre árvores caídas ou atravessando riachos. Achamos na verdade muito bela a claridade das estrelas quando, ao sair enfim da floresta espessa, retomamos a estrada principal; a povoação ficava então aos nossos pés; as suas pequeninas luzes cintilavam na treva, e os píncaros agudos e as altas montanhas arredondadas se erguiam ao longe com singular nitidez no céu escuro da noite.



Descendo a Serra. Barreira

12 de julho - Pusemo-nos a caminho às sete horas

da manhã para a descida da serra. Agassiz lamenta a necessidade que tem de se afastar daqui, após tão curto exame dos traços mais notáveis da região; aqui um naturalista poderia passar meses a fio e cada dia se ver mais rico em resultados. No momento em que deixávamos o nosso pouso, o sol começava a dourar o píncaro das montanhas; as nuvens, de um branco róseo, que se elevavam do fundo dos vales e flutuavam nas alturas, rasgavam-se em flocos nas saliências dos penhascos. Tínhamos o dia todo diante de nós; descemos a serra tão tranquilamente como havíamos subido, parando a cada momento para colher uma planta, examinar uma rocha, ou admirar a situação singular dos imensos blocos que, frequentemente, ficam bem na beira dos precipícios. Pouco a pouco fui me adiantando dos meus companheiros e sentei-me na baixa muralha de pedra que forma parapeito ao longo da estrada. Diante de mim se erguia a superfície róchea e nua de um dos grandes píncaros da serra; nuvens esbranquiçadas o cercavam na parte do meio, formando uma cintura ao seu redor, enquanto que a parte de cima mergulhava na sombra. Do lado oposto, eu via os vales descendo cobertos de florestas