deplorarem que as suas escolas não estejam em condições de dar às mulheres uma instrução conveniente, e não tenho dúvida de que o nível de educação das jovens não se eleve dentro em pouco. Por menos que se leve em conta os antecedentes históricos dos brasileiros, suas tradições hereditárias sobre a conveniência de se impor sequestro e constrangimento às existências femininas, não nos sentimos mais com direito de responsabilizar a atual geração por tais ideias, por mais falsas e odiosas que nos pareçam. São opiniões por demais arraigadas para se poderem transformar num dia.
Em várias ocasiões, tive ocasião de elogiar as instituições nacionais; nada se pode imaginar de mais liberal que a Constituição. Todas as garantias se acham nela asseguradas para o livre exercício de todos os direitos do homem. Há, contudo, nos costumes públicos, resultantes provavelmente da antiga condição social, certas particularidades que entravam o progresso. Não se deve esquecer que a população branca descende quase que exclusivamente de portugueses; ora, de todas as nações da Europa, Portugal é aquela que, na época do descobrimento e colonização do Brasil, havia sido a menos afetada pela civilização moderna. Com efeito, as grandes migrações que transformaram a Europa na Idade Média, e a Reforma que foi a base principal da nova ordem social, quase que não atingiram Portugal. As tradições romanas, a arquitetura romana, um latim degenerado ainda ali floresciam quando o reino fundou as suas colônias transatlânticas. E, em todas essas colônias, as condições da metrópole em muito pouco se modificaram. Por isso não se deve estranhar que as velhas construções do Rio de Janeiro lembrem ainda de forma tão evidente a arquitetura da antiga Roma, tal como no-la revelaram as escavações de Herculano e Pompéia, e que as condições sociais do Brasil contenham algo dos costumes de um povo em que a mulher desempenhou papel tão subordinado.