Por Brasil e Portugal

posto que com menos mortos e feridos, do que nós por cá costumamos. E que faria Josué à vista desta desgraça? Rasga as vestiduras imperiais, lança-se por terra, começa a clamar ao céu: Heu Domine Deus, quid voluisti traducere populum intum Jordanem fluvium, ut traderes nos in manus Amorrhaei? (Josué VII — 7) Deus meu e Senhor meu, que é isto? Para que nos mandastes passar o Jordão, e nos metestes de posse destas terras, se aqui nos havieis de entregar nas mãos dos Amorrheus e perder-nos? Utinam mansissemum trans Jordanem! (Ibid.) Oh, nunca nós passáramos tal rio! Assim se queixava Josué a Deus, e assim nos podemos nós queixar, e com muito maior razão que ele. Se este havia de ser o fim de nossas navegações, se estas fortunas nos esperavam nas terras conquistadas; Utinam mansissemus trans Jornadem? provera a vossa Divina Majestade, que nunca saíramos de Portugal, nem fiáramos nossas vidas às ondas e aos ventos, nem conhecêramos, ou puséramos os pés em terras estranhas.

Ganhá-las para as não lograr, desgraça foi e não ventura; possuí-las para as perder castigo foi de vossa ira, Senhor, e não mercê, nem favor de vossa liberalidade.

Se determináveis dar estas mesmas terras aos piratas de Holanda, porque lh'as não destes enquanto eram agrestes e incultas senão agora? Tantos serviços vos tem feito esta gente pervertida e apóstata, que nos mandastes primeiro cá por seus aposentadores, para lhe lavrarmos as terras, para lhe edificarmos as cidades, e depois de cultivadas e enriquecidas lh'as entregardes? Assim se hão de lograr os hereges, e inimigos da fé dos trabalhos portugueses e dos suores católicos? En queis conservimus agros, (Virgil.). Eis aqui para quem trabalhamos há tantos anos! Mas pois vós, Senhor, o quereis e ordenais assim, fazei o que fordes servido. Entregais aos