Por Brasil e Portugal

VI

SERMÃO DE SANTO ANTONIO

Tanto que recebeu recado del-rei D. João IV para que o reconhecesse e aclamasse na Bahia, reuniu Montalvão a gente de prol, desarmou o terço castelhano, jurou fidelidade ao chefe da nova dinastia e se comunicou com o holandês de Recife, avisando-lhe a grande ocorrência. Mas devia o príncipe saber sem demora dessa pacífica e geral adesão dos seus vassalos do Brasil. Enviou-lhe o vice-rei, por mensageiros, o filho, D. Fernando Mascarenhas, e dous jesuítas ilustres, Simão de Vasconcelos e Antonio Vieira. Deixaram a Bahia em 27 de fevereiro e aportaram a Peniche em 28 de abril de 1641.

A população de Peniche acolheu-os de pedras nas mãos, porque os outros filhos do marquês de Montalvão se tinham bandeado com Espanha. Escaparam de morrer ali. Ainda. D. Fernando levou pela cabeça um golpe. Salvou-os, com seu agasalho, o conde de Atouguia, que lhes deu fuga para Lisboa, onde acharam a fortuna. D. Fernando teve d'el-rei a patente de coronel; Antonio Vieira foi admitido a pregar na capela real. Encantou, comoveu, conquistou Portugal. Menos pela eloquência do que pela energia e sinceridade dos seus sermões. Mandara o Brasil à metrópole aquele homem raro, que revolucionou na colônia a oratória sagrada, como seu livre e audaz embaixador — que diria à corte (e cortes), ao governo,