Por Brasil e Portugal

como de vossa grandeza se podia esperar. Os cegos e mancos são os luteranos e calvinistas, cegos sem fé e mancos sem obras; na reprovação das quais consiste o principal erro da sua heresia. Pois se nós, que fomos os convidados, não nos escusamos, nem duvidamos de vir, antes rompemos por muitos inconvenientes, em que pudéramos duvidar; se viemos e nos assentamos à mesa, como nos excluís agora e lançais fora dela e introduzis violentamente os cegos e mancos, e dais os nossos lugares ao herege? Quando em tudo o mais foram eles tão bons como nós, ou nós tão maus como eles, por que nos não há de valer pelo menos o privilégio e prerrogativa da fé? Em tudo parece, Senhor, que trocais os estilos de vossa providência e mudais as leis de vossa justiça conosco.

Aquelas dez virgens do vosso Evangelho todas se renderam ao sono, todas adormeceram, todas foram iguais no mesmo descuido; Dormitaverunt omnes et dormierunt. (S. Math. XXV — 5). E contudo a cinco delas passou-lhes o esposo por este defeito, e só porque conservaram as lâmpadas acesas, mereceram entrar às vodas, de que as outras foram excluídas. Se assim é, Senhor meu, se assim o julgastes então (que vós sois aquele Esposo Divino) por que não nos vai a nós também conservar as lâmpadas da fé acesas, que no herege estão apagadas e tão mortas? É possível que haveis de abrir as portas a quem traz as lâmpadas apagadas, e que as haveis de fechar a quem as tem acesas? Reparais, Senhor, que não é autoridade do vosso divino tribunal que saiam dele no mesmo caso duas sentenças tão encontradas. Se às que deixaram apagar as lâmpadas se disse: Nescio vos (Ibid. — 12) se para elas se fecharam as portas: Clausu est janua (Ibid. — 10) quem merece ouvir de vossa boca um Nescio vos tremendo, senão o herege que não vos conhece? E a quem deveis dar com a porta nos olhos, senão ao herege que os têm tão cegos? Mas eu vejo que nem esta