Por Brasil e Portugal

a resistir com braços comprados.(264)Nota do Autor A David disse Saul que lhe daria a desejada posse de Michol, a quem muito amava, se lhe trouxesse cem cabeças de filisteus. Entrou na batalha e como pelejava com amor, trouxe duzentas. Que portuguez haverá que não seja David, se para cada um a pátria é a sua Michol? Nele se cumprirá o que disse Platão, que se formasse em exército de namorados seria invencível.

Esta só consideração bastava para segurar a nossa confiança de todo o receio. Mas que direi da nobreza, e tanta nobreza de que se compõe e ilustra o nosso exército? Quando David se ofereceu para sair a desafio com o gigante, perguntou el-rei Saul a Abner, de que geração era aquele moço: Ex qua stirpe descendit hic adolescens?

(1. Reg. XVII — 51). E que importava a geração para o desafio? Importava muito; porque cada um obra como quem é; e para Saul julgar se sairia vencedor, quis-se informar se era honrado. Já David tinha dito a Saul que partira Ursus, e desqueixara Leões; e sobre tudo isto pergunta-lhe ainda o rei pela geração, porque era melhor fiador da vitória o sangue nobre que tinha, que o sangue bruto que derramara. Os homens de inferior condição, ainda que sejam valerosos, pelejam sós; o nobre sempre peleja acompanhado, porque peleja com ele a lembrança de seus maiores, que é a melhor companhia. Em Ascanio pelejava Eneas e Heitor; em Pyrrho pelejava Achilles e Peleo; nos Decios, nos Fabios, nos Scipiões, pelejavam