de o não ofender mais. E se assim o fizermos, eu prometo daqui em seu nome, que nos há de dar a vitória e feliz sucesso que desejamos. Não é este empenho meu, senão da mesma verdade, e palavra divina, que não pode faltar, e assim o tem prometido no capítulo 26 do Levitico: Si in praeceptis meis ambulaveritis, et mandata mea custodieritis persequemini inimicos vestros, et corruent coram vobis. (Levit. XXVI — 3 e 7). Se fizereis a minha vontade (diz Deus) e guardareis os meus preceitos vencereis a vossos inimigos, e cairão vencidos a vossos pés. E se o não fizermos assim? Ouvi agora e tremei: Quod si non andieritis me, et non feceritis omnia mandata mea, ponam faciem meam contra vos: corruetis coram hostibus vestris: et subjiciemini his qui oderunt vos: (Ibid. — 14 e 17) e se não me obedecereis, nem guardareis minha lei, sereis vencidos de vossos inimigos, e ficareis sujeitos e cativos daqueles que tanto ódio vos têm. Todas estas palavras são de fé; vede se podem faltar, tanto pela parte da promessa, como do ameaço. Pelo que, fiéis portugueses, se o amor da pátria, se o amor do rei, se o amor das prendas que todos tendes naquele exército; os irmãos, os pais, os filhos; se estes e os outros parentescos ainda mais estreitos, vos merecem alguma coisa, não sejamos tão cruéis contra eles e contra nós mesmos, que com os nossos pecados estorvemos as misericórdias divinas. Em nossas mãos está a vitória, pois em nossa liberdade está o não ofender a Deus. Amemos a Deus ao menos por amor de nós, e tomemos por devoção todos, para que Deus nos dê vitória, não o ofender mortalmente jamais, e muito particularmente enquanto andar o nosso exército em campanha. Quem há tão imprudente que ofenda aquele de quem depende, e no mesmo tempo em que mais depende? Pois se nesta ocasião dependemos tanto de Deus, porque nos atreveremos