só olhar lhe deu olhado à valentia; e este quebranto lhe quebrantou o valor e o ânimo. Deixou-se vencer do seu apetite, por isso não pôde resistir a um tão desigual inimigo: deixou de temer a Deus, por isso temeu a quem não chegava a ser homem.
Tendo a flor da nossa armada diante dos olhos.(86)Nota do Autor não lhe posso dever neste passo um grande documento de São Isidoro Pesusiota. (Isid. Pelus. ep. 294). Vai instruindo o santo a um príncipe como há de alcançar vitória de seus inimigos (que para estes preceitos militares não é necessário professar as armas), e diz assim: Si hostes vincere capis, Dei metu exercitum ducito. Se quereis, senhor, alcançar vitória de vossos inimigos, fazei capitão dos vossos exércitos o medo de Deus. Parece paradoxo, para vencer fazer capitão o medo. Mas o mesmo santo dá a razão do seu dito, e não por um, senão por dois fundamentos. O primeiro porque o temor de Deus, que consiste na observância de sua lei e na boa consciência dos soldados, não só faz pelejar com valor que não basta para vencer, mas com valor e ventura: com valor, porque quem tem boa consciência não teme a morte; e com ventura, porque quem teme e obedece a Deus, ajuda-o Deus: Justitia enim hoc affert, ut quis strenue, et feliciter pugnet. Este é o primeiro fundamento da nossa parte, o segundo