Por Brasil e Portugal

et in diebus antiquis (Psal. XLII — 2). Ouvimos (começa o Profeta) a nossos paes, lemos nas nossas histórias, e ainda os mais velhos viram, em parte, com seus olhos, as obras maravilhosas, as proesas, as vitórias, as conquistas, que por meio dos portugueses obrou em tempos passados vossa onipotência, Senhor; Manus tua gentes disperdidi, et plantasti eos; afflixist populos, et expulsisti eos (Ibid. — 3.). Vossa mão foi a que venceu, e sujeitou tantas nações bárbaras, belicosas e indomitas, e as despojou do domínio de suas próprias terras, para nelas os plantar, como plantou com tão bem fundadas raízes; e para nelas os dilatar, como dilatou, e estendeu em todas as partes do mundo, na África, na Ásia, na América. Nec enim ia gladio suo possederunt terram, et brachium eorum non salvarit eos, sed dextera tua, et brachium tuum, et iluminatio vultus tui; quoniam complacuisti in eis (Ibid. — 4). Porque não foi a força do seu braço, nem a da sua espada a que lhes sujeitou as terras que possuíram, e as gentes e reis que avassalaram, senão a virtude de vossa destra onipotente, e a luz e o império supremo do vosso beneplácito, com que neles vos agradastes, e deles vos servistes. Até aqui a relação ou memória das felicidades passadas com que passa o Propheta aos tempos e desgraças presentes.

Nunc autem repulisti et confundisti nos: et non agrediens Deus in virtutibus nostris (Ibid. — 10). Porém agora, Senhor, vemos tudo isto tão trocado, que já parece que nos deixastes de todo e nos lançastes de vós, porque já não ides diante das nossas bandeiras nem capitânias como dantes os nossos exércitos; Avertisti nos retrorsum post inimigos nostros, et qui oderunt nos, diripiebant sibi (Ibid. — 11). Os que tão costumados éramos a vencer e triunfar, não por fracos, mas por castigados, fazeis que voltemos as costas a nossos