À Margem do Amazonas

Fora desse período de incubação, a defender a prole temerosa, perde a fúria agressiva; e só a sua arrebatada voracidade o leva a atacar o homem, mas atacá-lo repentinamente, de surpresa, na meia sombra dos igapós, ou à noite, na calmaria dos lagos.

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Ao contrário de tudo quanto vive na Amazônia, o jacaré prefere a cheia dos rios. Lança-se à água, passeia, emigra, procura outras paragens, vai aos campos de pastagens da terra firme, às restingas onde os bichos procuram refúgio, acerca-se das casas da várzea ameaçadas pelas águas, vive sob os soalhos, sob os giraus, sob os tendais de cacau, numa promiscuidade indesejável para todos.

A cheia é para ele um regalo, uma época de fartura e de liberdade.

Na vazante começa o seu suplício. Corre para os lagos atestados de peixe. Nos primeiros meses tem ali uma ceva consoladora. Descuida-se, vai ficando deliciado com a farta comezaina. Não percebe que as águas vão baixando,