À Margem do Amazonas

que as bocas do lago secaram, que os barrancos cresceram por todos os lados.

Persiste. Não sai. Demais, as águas fugiram. Tem a floresta apenas, onde não pode viver muito tempo porque é difícil conseguir alimento e também porque — diz uma das lendas mais interessantes da Amazônia — receia a onça, a única fera que o devora, imobilizando-o com o olhar que o hipnotiza espetaculosamente.

E o lago seca, os peixes vão morrendo, tudo é fome e desolação; e ele ali fica, enlameado, faminto, covarde, moribundo.

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O caboclo conhece-lhe a perfídia e a covardia. As habitações à margem dos lagos, dos paranás e dos igarapés são por ele continuamente assediadas e importunadas. Muitas vezes no alto silêncio das noites amazônicas, se ouvem em torno das casas — juntamente com o soturno coaxar dos sapos, o resfolegar dos botos, o grito pressago das maty-taperês e o compassado regougo dos córócórós — os seus roncos