À Margem do Amazonas

retumbantes, enquanto à tona d'água passam fugitivas e rutilantes as duas lanternas dos seus olhos, fulgurando na treva.

Habitua-se a esse cerco constante que lhe traz de vez em quando o proveito de algum alimento deitado à margem, ou de algum chirimbabo que se aproxima da beira d'água.

Geralmente o caboclo se acostuma com essa ronda macabra. Não o teme, não o escorraça, não o persegue, na certeza de que ele jamais ousaria penetrar no seu casebre indefeso, cuja porta de talas de palmeira não resistiria à força de uma criança.

Não o teme; e nas noites de excessivo bom humor senta-se à soleira da porta, perscruta a negrura em torno, imita-lhe os roncos profundos, atraindo-o admirando-lhe a tocha amarela dos olhos e sorrindo quando ele responde presto ao seu chamado com outro ronco mais grave e mais lúgubre.

Todavia, apesar do seu bom humor, da sua paciência, da sua tolerância, nunca perdoa quando o seu pobre cão é devorado pela fera faminta!

Estala, então, bruscamente, todo o seu ódio — um ódio vivo, abafado, persistente, (como o