À Margem do Amazonas

as cotias que vinham roer os ouriços. Nada lhes faltava, nem a farinha indispensável, porque fabricavam o magnífico piracuhy, — a farinha de peixe, gostosa e nutritiva.

Mas a amêndoa apetitosa apareceu um dia na casa do civilizado; e logo recebeu alvoroçados elogios, e iniciou o seu novo, agitado destino.

Sagaz, mercantilizado, calculista, o homem da cidade cismou naquele novo maná que se desprendia, natural e abundante, dos altos galhos de uma árvore, sem a complicada solenidade dos milagres. Com enorme alegria notou as vivas aclamações, o êxito, as homenagens — e anteviu prontamente, escancarada e sedutora, a larga porta do comércio e do lucro.

Todavia, durante dezenas de anos, a castanha permaneceu singelamente nos lares patrícios, nas pequeninas cidades paraenses e amazonenses, vendida a preços modestos, ora pura, ora transformada em leite inigualável para misteres culinários, ora fornecendo o óleo finíssimo para os cabelos negros das cunhãs porangas.

As estatísticas trazem-nos informações curiosas: — em 1830, no Amazonas, um alqueire