À Margem do Amazonas

"Vai perdendo as energias; aquele reboque é demasiado para as suas forças. Vem à tona, resfolega, mergulha ainda, num derradeiro arranco, para logo depois voltar, exausto, estirado, o ventre para cima, moribundo.

O piloto rapidamente dá umas remadas aproximando-se do peixe; o proeiro colhe depressa a arpoeira, e com cautela, para que não se vire a embarcação, o pirarucu é então laçado e içado para bordo.

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O Peixe-boi é terrivelmente sagaz.

Para pescá-lo é preciso uma paciência além de todos os limites, e uma habilidade que vai quase à adivinhação.

Em geral, a pescaria se faz à noite. O Manatus americanus é herbívoro, e nas primeiras águas da enchente aproxima-se dos barrancos à procura dos brotos tenros do gurdião. Vai nadando de manso entre os capins, e ao chegar perto dos brotos, o enorme cetáceo põe fora d'água a grande cabeça e começa babujando o seu manjar apetecido.