À Margem do Amazonas

primícias da virgindade, o deslumbramento das incógnitas, a volúpia da riqueza, a embriaguez de todas as esperanças e todo o fragor de uma luta pela vida — luta real, palpável, evidente, sem metáforas.

Nos barrancos a prumo, nas várzeas, nas terras caídas nas ilhas transitórias, na penumbra das florestas que abrigam as ossadas dos primeiros violadores, surgem ininterruptamente novas legiões de desvairados, de caçadores de hévea, de sonhadores broncos e violentos.

Nada os faz recuar nesse sombrio delírio.

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O seringueiro — fenício moderno de alpercatas e rifle — construiu destruindo. A planície vibrou sob os golpes do seu terçado; as Héveas tremeram ao choque das machadinhas; tudo sentiu a sua impetuosidade e o seu furor e não houve recanto da Hyléa que não visse vulto de homem rompendo a mataria em busca de uma árvore que, apesar de representar um símbolo de martírio, era uma viva esperança de redenção.

Por isso, com todos esses negros defeitos, o seringueiro foi o protoplasma de um complicado organismo social, que começou na obscuridade