À Margem do Amazonas

lavoura, ou horta minúscula, para alternar a permanente alimentação de carne de gado.

E por toda parte, nas casas das Fazendas e nos campos, alastra-se o eterno silêncio, vasto, sereno, imutável, quebrado às vezes pelo mugir dos bois na tristeza das tardes e na tristeza maior das noites límpidas — noites que, parece, foram criadas para fantasmas, para corridas loucas de caaporas, para vinganças de mapinguarys perversos, para gritos pressagos de corujões, para cantos arrepiantes de matytaperês, para todas as assombrações do vale amazônico.

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Quase ignorada, quase esquecida, raramente apontada entre os múltiplos fatores econômicos da malsinada amazônia — a surpreendente região do Rio Branco permanece ainda, no extremo norte do país, como um dos seus mais legítimos tesouros, esperando aventureiros que o revelem, braços de homens que lhe revolvam o solo, olhos humanos que sintam a fascinação da sua opulência.

A inexcedível fartura dos seus prados, a humildade e a doçura dos indígenas que o povoam,