NOTA DO AUTOR
Há mais ou menos quarenta anos que nos resolvemos a registrar peças folclóricas e termos da Linguagem Popular como qualquer desses que os juntam a título de divertimento ou de curiosidade.
O tempo e a experiência nos surpreenderam revelando os caminhos necessários de serem palmilhados com o auxílio das principais línguas afronegras, que não conhecíamos, e da língua geral ameríndia, que já vínhamos estudando, além do trato direto com africanos e índios e seus descendentes mais próximos, — condição indispensável à solução de problemas cujo vulto se esclareceu posteriormente, obrigando-nos a destruir, sem saudades, tudo que, por nós coligidos, já era ou aparecia publicado por outrem.
Trinta e que anos de magistério superior, de viagens impostas pela profissão, de recreio em terras distantes, associaram-se a esse passatempo, — grande companheiro dos dias amargos e tristes e das surpresas e investidas do destino, em que, não raro, nosso espírito alentou-se, esquecido dessas mágoas, na barafunda dos mitos infestados por outros e das transformações dos vocábulos anotados para estudo.
Nada escapou a esse exame, cuja necessidade de trazê-lo a público o tempo sabiamente dilatou, evitando assim que se pudesse penetrar nesse longo e demorado trabalho de muitos anos