seriam invertidos: a escrava seria a branca, a negra ficaria nominativamente sendo rainha, como ela o é de fato, enquanto espera que se lhe restituam os seus antigos templos de Sidon e de Tyro.
Astarté era bronzeada, senão tão negra como a rainha de Sabá.
Neste particular o paganismo participava da opinião dos hebreus, cujos livros sagrados proclamam a triunfante beleza de Sulamita, isto é, a negra.
O imperador Heliogabalo, casando a estátua de Vênus síria com a pedra negra cônica, representando o deus Elagabal, que ele fizera trazer, a primeira de Cartago, e o segundo de Emeso, imitava o grande rei Salomão, sacrificando ao amor africano.
Por sua vez, o cristianismo seguiu a dupla tradição judia e pagã. Consagrou o esplendor e a correção incomparável das formas, erguendo altares à Virgem negra.
Logo, desde a mais remota antiguidade, o símbolo da beleza plástica e da paixão sensual encarnou-se na mulher de cor.
É neste ponto de vista que, apesar do mais estúpido dos preconceitos, essa é ainda hoje apreciada nas colônias, e mesmo nos lugares onde reina a escravidão.
Nessa sociedade, essencialmente dominada pela pompa e pela forma, a negra, e com ela a mulata, preenchem o papel que reivindicam, no nosso meio, a comediante e a lorette.