O Brasil literário: História da literatura brasileira

apressou-se em enviar diretamente a Lisboa uma denúncia detalhada, e de se justificar, antedatando os autos do processo. Depois, fez prender todos os conjurados e ordenou que fossem transportados ao Rio de Janeiro, exceção feita de Cláudio Manuel, que se matara na prisão. A 18 de Abril de 1792, era lido aos prisioneiros o julgamento que condenava onze à morte, cinco a desterro perpétuo e os outros a desterro temporário nos presídios de África. Silva Xavier, todavia, foi o único a ser executado, a pena dos outros tendo sido convertida em banimento perpétuo. Entre estes últimos encontravam-se os poetas brasileiros Alvarenga Peixoto, Tomás Antônio Gonzaga e Domingos Vidal Barbosa. E entre os desembargadores enviados de Lisboa, Antonio Diniz da Cruz e Silva, um dos mais ilustres poetas de Portugal.

Esta inconfidência de Minas fez época na história literária do Brasil, seja pelos poetas que nela desempenharam os papéis principais, seja pelas ideias de independência que fez nascer. E deste acontecimento que data na literatura brasileira a tendência, antes tímida, mas agora cada vez mais acentuada, à emancipação, seja somente pela presença de uma cor mais local, seja ainda pela escolha de assuntos nacionais, principalmente na epopeia.

É um fato curioso que começassem, então, agora as tentativas deste gênero. As produções do tempo eram, é verdade, imitações de poemas estrangeiros, porque não tinham base popular, mas seus autores já se atreviam a transportar a ação a sua pátria, e fazendo os indígenas desempenharem papel secundário como ainda exprimirem sentimentos patrióticos.