A forma do poema é, por outro lado, bastante peculiar. Em vez de seguir o caminho batido da escola dominante, esparramando o seu assunto por 12 ou 24 cantos, compostos de alexandrinos ou de oitavas, com acompanhamento obrigatório de mitologia e alegoria; em vez de buscar o seu assunto em tempos mais afastados, deu em cinco cantos em versos de 11 sílabas, uma narração concisa de acontecimentos que viu desenrolarem-se aos seus olhos. Permitiu-se, todavia, algumas fantasias e soube, não obstante a unidade de ação, ligar os episódios entre si, à maneira do romanceiro espanhol.
Uma das cenas mais célebres é a sorte trágica de dois amantes, o chefe índio Cacambo e sua noiva Lindóia.
Admiram-se principalmente o momento em que Cacambo, à voz do espírito de seu amigo Cepé, morto na batalha precedente fatal aos índios, põe fogo na vegetação que cobre as margens do rio, para assim fazer morrer os seus inimigos. Depois, a cena em que dirigindo-se à casa de sua noiva, é separado dela pelo jesuíta Balda, chefe da missão, e atirado ao calabouço para aí perecer de dor. Enfim, o episódio em que Lindóia, desesperada com a perda de seu noivo, fez-se picar por uma serpente e é encontrada sem vida por seu irmão Caititu.
No quinto canto, o mais fraco e em rigor supérfluo, em vez de descrever os quadros encontrados nos estabelecimentos principais dos jesuítas e representando os seus feitos ou antes ou seus crimes, o autor teria feito melhor se tivesse exposto a organização política das missões, fazendo incidir sobre elas um julgamento qualquer.