Os jesuítas, na verdade, não instigaram os selvagens à revolta, mas protestaram numerosas vezes junto ao governo espanhol contra a cessão de seus estabelecimentos, e que havia lesado fortemente os seus interesses. As lutas que os indígenas sustentaram, com uma energia que não era habitual, e cujo plano traía uma inteligência superior, terminou pela submissão e a ocupação dos principais estabelecimentos pelos portugueses.
É possível que, tratando esta matéria, José Basílio tenha atendido à sua aversão pelos jesuítas e seu desejo de agradar a Pombal, mas não é menos importante observar que havia escolhido um assunto patriótico e soube encontrar em seu país os elementos de uma epopeia. Celebra, é verdade, a vitória das armas portuguesas e espanholas, mas o seu maior interesse incide sobre os indígenas, pintando-lhes os caracteres e os costumes, dando-nos episódios tocantes e descrições magníficas. Põe em jogo, malgrado seu é possível, as simpatias pelos vencidos, pelas vítimas do engodo. É certamente com toda a razão que José Basílio procurou os elementos poéticos no próprio Brasil. Conseguiu despertar o interesse por este país e suas particularidades e contribuiu razoavelmente para o livre surto do sentimento nacional. Pereira da Silva (pag. 388) elogia esta epopeia em que o autor nos deu uma das obras modernas, em que o espírito nacional brilha de modo intenso e onde se destacam as descrições eloquentes deste continente.(103) Nota do Autor