Quando quis ir a Coimbra, viu que não tinha meios para manter-se, sequestrados que tinham sido os bens de sua família. Teve que continuar na sua pátria, onde se casou e levou na sua terra uma vida discreta que lhe permitiu cultivar suas aptidões literárias e seus talentos poéticos, sem desdenhar a agricultura.
Seu caráter honrado e seus conhecimentos agronômicos atraíram para ele a atenção do capitão-geral Martinho de Souza e Albuquerque, que não quis deixar sem utilização um talento como o seu e nomeou-o oficial da milícia e diretor da aldeia índia de Oeiras. Tenreiro mostrou-se digno desta confiança. Sob a sua direção, melhoraram as condições de bem estar da população, os índios deixaram seus desertos para aí se estabelecerem, atraídos por sua reconhecida humanidade. O sucessor de Martinho de Souza, D. Francisco de Souza Cominho, soube também apreciar Tenreiro, e como se estava na perspectiva de abolir os cargos de diretores de índios, ofereceu-lhe um lugar de capitão no seu regimento de caçadores e de secretário da alfândega do Pará.
Mostrou-se igualmente digno de confiança e só perdeu seus lugares em consequência de intrigas e de um conflito entre o governador, o bispo D. Manuel Almeida de Carvalho e o juiz real Luis Frota de Almeida, pendência em que tomou o partido deste último, seu amigo íntimo. Retirou-se para a vida privada e voltou à sua terra. Mas o novo governador, o conde dos Arcos, tendo conhecimento do tratamento injusto que lhe fora infligido, deu-lhe o lugar de Escrivão da Mesa Grande do Pará, emprego em que foi confirmado pelo príncipe regente D. João.