O Brasil literário: História da literatura brasileira

Melo Franco firmou logo sua reputação e assegurou-se boa situação financeira graças à clínica e como autor de obras científicas e foi recebido como membro da Academia de Lisboa. Mas estas atividades impediram-lhe de continuar o convívio com a poesia.

Convocado para o posto de médico da noiva do infante Dom Pedro, a arquiduquesa Leopoldina de Áustria, partiu para o Rio de Janeiro, onde chegou no fim do ano de 1817. A princípio, sentiu-se desvanecido com a boa acolhida que lhe foi proporcionada, mas seja por efeito de intrigas, seja por suas ideias liberais, caiu logo em desgraça e a corte se lhe fechou. A esta mortificação, de que não se curou jamais, veio somar-se a perda de toda a sua fortuna, colocada numa casa que faliu. Estas causas, e talvez a mudança de clima e de hábitos destruiram a ssua saúde. Foi em vão que procurou recuperar suas forças no clima mais puro de São Paulo. Na sua volta ao Rio de Janeiro, numa chalupa, sentiu aproximar-se o fim; desembarcou e morreu numa cabana a 22 de Julho de 1823. (149) Nota do Autor

Bento de Figueiredo Tenreiro Aranha é um dos raros poetas brasileiros desta época que não foram educados em Portugal e não passaram ali a maior parte de suas vidas.

Nasceu a 4 de setembro de 1769 em Barcelos do Rio Negro, vila da província do Pará, de pais muito considerados. Perdeu-os aos sete anos de idade e destinado por seu tutor à agricultura, só deveu ao padrinho, o arcebispo e vigário-geral José Monteiro de Noronha, a felicidade de receber uma educação liberal.