O Brasil literário: História da literatura brasileira

no paraíso. O autor também descreve as vestes da virgem e os emblemas sagrados que os anjos puseram à sua cintura.

O segundo canto conta-nos a conjuração de Lúcifer e seus companheiros, invejosos da glória e do triunfo da Virgem. Ela deve resplender, enquanto os anjos a levam ao paraíso, mas são vencidos pelo arcanjo Miguel, que se apressa em destruir as armadilhas que lhe são urdidas.

O terceiro canto contém a descrição do paraíso, para o que a natureza encantadora da pátria do poeta lhe forneceu as suas mais lindas cores, e deu-lhe a ocasião de mostrar todo o seu patriotismo.

Nos cantos quarto, quinto e sexto, a Virgem e o arcanjo Miguel narram a proclamação do Evangelho pelos apóstolos, as perseguições que a Igreja cristã sofreu nos primeiros tempos e profeticamente sua difusão por toda a terra. Os episódios da vida e da paixão de Jesus, assim como a descrição do Rio de Janeiro são notáveis pelo que testemunham do entusiasmo religioso e patriótico.

O sétimo canto descreve uma revolta dos espíritos infernais e sua derrota pelos anjos, sob o comando do arcanjo Miguel.

O oitavo, enfim, nos mostra a Santa Virgem triunfante, admitida na morada de Deus e repousando nos braços do Filho; a abóbada do céu ressoa de hinos de alegria e aos seus pés prosternam-se as estrelas, os rios e os mares que reconhecem seu poder.

Vê-se por esta análise que, na verdade, o poeta não conseguiu emprestar interesse e vida épica a um assunto de misticismo tão transcendente, tanto que, deste ponto de vista, a composição é monótona, rebuscada, artificial e privada de ação. Enfim, os episódios têm um nexo