No prefácio ele diz: "O poema que dou à publicação não passa de um brinco de minha fantasia, sobre a primeira festa em honra da Virgem, festa a qual, desde a minha mais tenra infância, eu dediquei uma devoção particular. Depois para dar mais surto à minha piedade e para melhor entretê-la, procurei dar-lhe um arremedo ou sombra de poema épico, admitindo invocação, narração e episódios."
Estes dados certamente ingênuos do autor sobre a primeira ideia de seu poema são muito característicos e fornecem-nos o meio de julgar sua obra, pois que se deduz que São Carlos só mais tarde reuniu em livro as suas inspirações poéticas e que sua forma épica é antes o resultado do acaso. Não é preciso, pois, considerá-la como um quadro encerrando um certo número de transbordamentos líricos e de descrições poéticas e devemos evitar considerá-la uma epopeia, gênero literário que de resto o próprio assunto não teria permitido.
Uma curta análise desta obra mostrará como era difícil dar-lhe uma cor local e épica e como o poeta resolveu este problema. O poema está dividido em oito cantos. O primeiro contém além de uma invocação em que o autor implora à Igreja que seja a sua musa, (160)Nota do Autor
a descrição da Assunção da Virgem. Os apóstolos encontram-na a caminho do céu, saudam-na com hinos de alegria e amor e fazem-na subir sobre um esplêndido carro de triunfo, em que ela faz a sua entrada